terça-feira, 29 de maio de 2007

GRITO DE UM RIO SECO

Homem! por que me desmatastes as margens?
Por que me fizeste secar?
Minhas árvores onde estão?
Onde a água que eu me refrescava o leito?E suave deslizava
Onde a passarada me encantava as madrugadas?
Onde meus amigos animais iam beber?
E tu, por que fugiste aspós matar-me?
Onde te escondes? Em que sombra te abrigas?
Fui caudaloso, benfazejo, dei o melhor de mim
Teus antepassados viviam à minha borda
A noite, nuvens de pirilampos iluminavam meu céu
E hoje?
Não tenho água!
Não tenho vida!
Não tenho ninguém ás minhas margens
Só o amigo juazeiro guarda em si um pouco da água que
em mim havia
Homem!
Faz-me de novo viver!
Refloresta meu redor
Tinge meu verde outra vez minha passagem
Tu podes mudar minha face seca!
Tu podes fazer reviver meus dias de pássaros a cantar.
Basta para de me desmatar!
Basta algumas sementes jogar
E a chuva bendita voltará!
(Poema de Manoel Ambrósio)

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